O mundo é o mundo e por isso avança e colapsa sem que possa ser travado. É verdade
que perante tantas e tão avassaladoras coisas a acontecerem um pouco por todo o
globo, damos por nós a pensar no que fazer perante forças tão tremendas. E às vezes a
resposta mais simples é também a mais transformadora: encontrar amor, deixar que
nos inspire, seguir a liberdade aonde ela nos possa conduzir, criar, criar, criar.
Da Chick não tem feito outra coisa que não seja encher o planeta de boas vibracões. No
seu registo anterior deu por si em "Good Company", a exaltar essa energia benigna que
se cria quando interagimos com aquelas pessoas especiais que nos rodeiam, quando
reforçamos os laços de comunidade que sa~o os mais importantes de todos. Entretanto,
esta artista que surfa ondas reais no oceano Atlântico que liga muitos mundos, esta
pessoa que nunca desiste de aprender e descobrir ferramentas novas, foi estudar jazz,
estreitou a sua relação com a guitarra, resolveu fundar o seu próprio selo discográfico -
Mostly Groovy (what else, right?) - e, coisa talvez mais importante, apaixonou-se e
entregou o coração. Ou seja, uma espécie de tempestade perfeita que se manifesta na
belíssima "Cartoon", primeira canção de um novo capítulo criativo de Da Chick. Escrita à guitarra, que é coisa nova em si.
Sem ligar às caixas onde gostamos de arrumar tudo, Da Chick criou aqui uma espécie
de futuro standard, um tema que nasce com jazz na alma e soul na voz, que balança
como as ondas do mar tranquilo em fim de tarde e que declara o amor que lhe escorre
da voz e do rosto com uma classe tão singela quanto honesta. E o que se sente, além de emoções tingidas de rosa chick, é um amor sem fim pela liberdade de ser ela própria. É assim que se muda o mundo e que se responde aos tempos: com um raio de sol feito
música que nos toca sem pedir licença.