Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Em redoma, Carolina Viana punha o mundo a par da sua inquietude. Com parte, o primeiro EP da dupla, a produtora Joana Rodrigues dava-lhe um balanço para meter as palavras a dançar com intenção e formulava texturas que a empurravam para aqui e acolá, deixando-a explorar qualquer forma possível de usar a sua voz (da declamação ao rap). Enquanto duo, o som parecia vir de lugares diferentes: instrumentalmente remetia-nos para aquela facção mais preocupada em explorar a intersecção entre o jazz e a electrónica na beat scene de L.A., mas a poesia e a entrega (e a intimidade) de Carolina sussurrava “folk”, mesmo que flows mais ritmados nos tentassem sempre com a vontade de colocar-lhe o chapéu “hip-hop alternativo” na cabeça – terem lançado pela Biruta de Keso, zé menos ou Riça ajudava nesse último argumento.
Nascida em Viana do Castelo e com morada actual no Porto, a multifacetada artista de 27 anos (violoncelista, intérprete, autora, compositora) mostra-nos outra cara em Malva, um nome que vai buscar inspiração a um tipo de plantas que ajudam a acelerar o processo de cicatrização de feridas, assumindo definitivamente essa maneira “folkiana” (via música de intervenção portuguesa e MPB) de se estar e cantar em vens ou ficas, o álbum de estreia a solo que pôs cá fora este ano. Ao longo de nove temas, a desconstrução dos beats cede o lugar a guitarras melancólicas e isso permite que, através da sua escrita e interpretação, nos atinja directamente com uma cascata de emoções (vindas de uma história de desamor) filtradas com minúcia. E não há nada mais perigoso (para qualquer alma mais sensível) do que uma poeta de coração partido com a sua guitarra em riste.
Para além da sua carreira enquanto instrumentista, que a levou a trabalhar com maestros como António Saiote, José Eduardo Gomes, Julian Gibbons, Julián Lombana ou Rui Massena e com solistas como Luís Pipa, João Terleira, Alexey Stadler, Pedro Burmester ou Chloë Hanslip, Malva foi ainda convidada para apresentar um lado seu menos carregado em “Tensa”, uma colaboração com INÊS APENAS e um dos bops escondidos da colheita pop portuguesa de 2023, ou uma versão sua mais exploratória em “Oarendê”, participação numa canção dos equinocio que saiu em 2022. (Alexandre Ribeiro)
Abertura de Portas
21h30